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Subverta a tradição de "pureza" do Reveillon com um corset

A tradição brasileira do réveillon é usar branco. Seja simbolizando a paz ou em homenagem a Oxalá, a cor é uma constante e em alguns meios é considerado de mal gosto ir às festas de Ano-Novo vestindo preto ou roxo, por exemplo. Mas tem muita gente que não se importa com as superstições ou não alimenta simpatia por manifestações coletivas. Para quebrar o hábito do branco e das formas leves e soltas, a coluna Dicas de Moda propõe um reveillon diferente. Deixando de lado as batas brancas, rasteirinhas e flores no cabelo, vamos investir no look sexy e radical das pin ups de plantão: o corset.


A moda do corset
O ciclo da moda funciona com ondas que podem variar entre rápidas e fulminantes, que tomam conta das vitrines e das ruas e terminam logo, ou então aquelas que vêm devagar e vão convencendo aos poucos até atingir um público mais amplo. Este é o caso do corset, que vem chegando através de um grupo específico de iniciados e já começa a tomar as páginas das revistas e os programas de tevê.

Hoje, o corset é uma peça de moda que já tem vários adeptos como Fernanda Young, que apresenta seu programa de entrevistas sempre portando um modelo diferente ou Marília Gabriela, cujo personagem Mariana Santoro da minissérie “Cinquentinha” também usa essa peça de roupa.

Pequeno histórico
Os corsets têm como finalidade principal a criação de uma silhueta que acentue a diferença de medidas entre os seios e quadris e a cintura, a famosa forma ampulheta, considerada a silhueta feminina mais sedutora. Curiosamente já foi usada por crianças, meninos e meninas, para melhorar a postura, pelos dândis do século 19 e é também valorizada em alguns circuitos por homens que também desejam afinar a cintura.

A palavra corset tem origem francesa e deriva da palavra "corp", corpo. Não se sabe com precisão quando a peça surgiu, mas os antigos gregos já portavam um certo tipo de corset. Seu uso foi difundido nos séculos 15 e 16 como podemos constatar em pinturas do Renascimento. Rígidos e incômodos, eram confeccionados em ferro e madeira, até que os ossos de baleia substituíram esses materiais, proporcionando mais flexibilidade.

No final do século 17, os corsets se tornaram mais elaborados e eram usados por baixo da roupa, para tornar a cintura bem fina e marcada, criando um contraste evidente com as saias extremamente volumosas. Com a Revolução Francesa e a ascensão de Napoleão Bonaparte, a mentalidade da época mudou e as formas antinaturais não eram mais desejáveis. Houve uma grande alteração da silhueta, que passa a ser afunilada sob o busto, criando a forma Império.

Houve então um período de decadência do uso da peça, que durou até meados do século 19, quando o corset incorporou a função “disciplinadora”, organizando a postura e educando as moças de sociedade para os “bons modos”. No início do século 20 o estilista Paul Poiret decretou o fim da era do espartilho, criando a silhueta casulo, que causou furor entre as modernas da sociedade, entre elas, a artista Tarsila do Amaral, que era cliente do estilista.

É verdade que a essa altura também os médicos começavam a discutir os males causados aos órgãos internos pela utilização indiscriminada da peça e os movimentos de libertação feminina passaram a discutir os direitos da mulher, tornando o corset bem mais que uma simples lingerie, mas também um símbolo de opressão. Isadora Duncan, com sua dança libertária, e Coco Chanel, com sua imagem de mulher independente, também fazem parte desse movimento em direção a uma nova silhueta que simboliza os novos tempos.

O corset, então fora de moda, passa a fazer parte do universo da fantasia sexual e das práticas sadomasoquistas. A cintura marcada só voltou à moda com Dior, que relança a imagem da mulher ampulheta com o New Look em 1947. Os anos 60 trazem de volta a forma “tubinho”, até que, em meados de 1970, Vivienne Westwood traz à tona a moda fetichista em sua loja Sex, em Londres, incorporando o corset e suas variações ao repertório que vai ser identificado com o estilo punk.

Jean-Paul Gaultier, estilista que também se apropria de referências da moda de rua e do fetiche, em meados dos anos 80 criou uma das imagens mais marcantes da cantora Madonna: um espartilho de espetaculares soutiens cônicos. Também Thierry Mugler e Alexander Mc Queen, vez ou outra, flertam com a peça fetichista. Na década de 90, foi Tom Ford que assustou os críticos lançando uma coleção da Gucci em que a peça principal era um corset de formas geométricas bem restritivas.

A forma mais radical do uso do corset é o tight lacing prática de modificação corporal que se tornou popular no final do século 18. Hoje em dia essa prática volta à moda, mas com materiais maleáveis e com mais conhecimento científico, que, os adeptos garantem, evitam causar mal à saúde. A prática, no entanto deve ser sempre monitorada por médicos.

Mundo moderno
O corset hoje está se popularizando. Não só ele e as práticas de tight lacing, mas também as formas mais suaves de corselet. Decorados, estampados, com fivelas ou laços, existem várias opções no mercado. Os especialistas garantem que veste desde as magrinhas até as mais rechonchudas. Corset ou corselet? As fontes divergem, mas Leandra Rios, estilista especializada em espartilhos e dona da marca Madame Sher, garante: “O corset é uma peça que dá real suporte à coluna e seios e modifica o formato da cintura, dramatizando sua curva. O corselet é uma peça que tem um formato similar ao corset, porém não tem o poder de modificar o formato do corpo. O corselet geralmente tem painéis menos numerosos (ou seja, menos recortes) e estrutura mais leve, é uma boa opção para as mulheres que não querem se apertar”.

Existem três tipos básicos de corsets, segundo Mani Wailemann, nossa fotógrafa e adepta do uso há seis anos: o cincher, que só aperta na altura da cintura e fica bem para as moças que têm um corpo equilibrado, sem muitas gordurinhas. É usado sobre a roupa e pode ser vestido com camisa ou camiseta. A peça é a mais leve e também a mais econômica. O underbust é usado sob os seios. Ajuda a levantar os busto, mas seu foco principal é a cintura. Funciona bem para as mulheres que têm mais barriga ou que querem levantar o peito e devem ser usados com camisa, top ou vestido por baixo. O overbust cobre os seios e existe em diversos modelos, podendo alterar a forma natural ou enfatizá-la.

Esses três modelos são interessantes e podem servir para diferentes ocasiões ou então só para variar, já que quem começa garante que vira uma mania. O estilista Mario Hag é especialista em artefatos de couro e adora os corsets. Segundo ele, já se tornou uma peça atemporal, que sempre tem adeptos. Quando está produzindo um modelo procura soluções de fechamentos bonitos e diferenciados, capricha nos detalhes de recortes, bordados e rendados de couro e gosta de misturar materiais. Os corsets de Mario e de Sher encontram-se em nosso álbum de imagens.

A produção para o réveillon pode ser delicada – encontramos algumas sugestões em branco, para quem não consegue ficar sem – com vestidos rodados, sapatilhas e maquiagem rosa; ou então mais radical: short com meia arrastão, sapatos de saltos altíssimos, boca vermelha e olhos bem pretos.

Dê uma olhada em nosso editorial e veja sugestões de produção e guia de compras. A coluna Dicas de Moda agradece à audiência e aos colaboradores por mais um ano de sucesso: a todos um 2010 maravilhoso com muito amor. Meus agradecimentos às modelos iniciadas Mariana Apostolakis Malfatti (Mazi) e Lara Novaes; e à fotógrafa especialista Mani R. Wailemann. Colaborou para esta coluna Júlia Guglielmetti com seus conhecimentos e seu apê como locação.

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autora: Mariana Rocha
fonte: UOL Estilo - Moda
imagem do corset da matéria: Corset Overbust com bojo Vitoriano, Coleção Royal; da grife Black Cat Corsets
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